domingo, 17 de janeiro de 2016

Pesquisador da UESPI estuda adaptação literária para crianças e jovens

Por José Marques

“A adaptação literária para crianças e jovens: Robson Crusoé no Brasil” é o título do último livro lançado, em dezembro de 2015, pelo professor Dr. Diógenes Buenos Aires, coordenador do Mestrado em Letras/Português da Universidade Estadual do Piauí (UESPI).

O livro é resultado da tese de doutorado do professor Diógenes Buenos Aires, defendida na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), em 2006, e concentra sua pesquisa na adaptação de obras literárias para crianças e jovens, com suporte teórico da Estética de Recepção e da Sociologia da Leitura. O objetivo central dessas adaptações é suscitar em crianças e jovens o desejo pela leitura de obras que necessitam uma análise apurada para seu entendimento e que, por isso, poderiam criar um desinteresse no público infanto juvenil.


O livro ““A adaptação literária para crianças e jovens: Robson Crusoé no Brasil” é resultado da tese de doutorado do pesquisador Diógenes Buenos Aires, docente da UESPI(Foto: Arquivo Pessoal)
“A adaptação literária faz parte da gênese da literatura infantil, porque os primeiros textos criados para este público foram adaptações de clássicos do folclore nos séculos XVII e XVIII”, afirma o pesquisador. “Aqui no Brasil, as primeiras obras para crianças também seguiram este padrão. Mas, nas adaptações que chegavam aqui de Portugal, era possível observar as diferenças entre o português lusitano e o falado aqui no país”, complementa.
Segundo Diógenes Buenos Aires, essas diferenças constituíam uma perda importante na compreensão da história original quando adaptada para o público infantil. “As adaptações não significam necessariamente obras de má qualidade, mas não gozavam de grande respaldo entre os leitores. Então os adaptadores solicitavam o apoio de grandes escritores. Assim, autores renomados escreviam o prefácio e a introdução, com o objetivo de chancelar a qualidade do trabalho realizado pelos adaptadores”, explicou.
Em seu estudo, Diógenes analisou as adaptações da obra inglesa “A vida e as aventuras de Robison Crusoé” (1917), de Daniel Defoe, que, entre 1882 e 2004, teve 40 adaptações no Brasil. O pesquisador fez uma análise comparativa das adaptações realizadas pelos escritores Carlos Jansen (1885), Monteiro Lobato (1931) e Ana Maria Machado (1995).
“Na adaptação do Carlos Jansen, é retirada a caraterística de um diário das aventuras do Robison Crusoé. Ele também reprova as ações deste por desejar viver aventuras e sair pelo mundo viajando. Já a adaptação de Lobato mantém o narrador como primeira pessoa, e foca no sujeito empreendedor que Crusoé se torna. No final do século, Ana Maria Machado retoma o foco no aventureiro”, pontua.
Ao final da tese, o professor Diógenes Buenos Aires conclui delineando que as adaptações literárias mudam de acordo com as demandas do público leitor, do contexto histórico em que a adaptação foi redigida, perfil do adaptador, e as editoras que produzem tais obras.

Fonte:
Assessoria de Comunicação - UESPI
ascom.uespi@gmail.com
(86) 3213-7398

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