domingo, 9 de dezembro de 2012

Maioria dos estudantes não entende funcionamento de relógio e calendário

Cerca de 60% dos alunos concluintes do 5º ano do Ensino Fundamental não têm conhecimentos básicos das habilidades relacionadas a unidades de medida de tempo. Isso quer dizer que esses alunos não conseguem resolver problemas que envolvem o uso do relógio ou do calendário. Foi o que constataram avaliações diagnósticas aplicadas aos alunos dos municípios ingressantes em programas do Instituto Qualidade no Ensino (IQE), organização não-governamental que atua no Piauí com formação de professores.
Os dados obtidos mostram que no final do 6º ano, apenas 56% dos alunos avaliados reconhecem instrumentos de medida de tempo e os relacionam à passagem do tempo. “Se, por um lado, esses dados nos surpreendem se considerarmos que, diferentemente do que ocorria há algumas décadas, hoje a hora certa pode ser lida no aparelho celular, no painel do carro, nos eletroeletrônicos em geral, por outro, essa constatação sinaliza que não há um trabalho pedagógico sistematizado no que se refere ao eixo de grandezas e medidas, sobretudo quando o tema é o tempo”, pontuou Cristina Luiza Garbuio, supervisora pedagógica de Matemática do IQE.
Na avaliação da especialista, é preciso entender esse quadro a partir das situações didáticas escolhidas pelo professor e a que objetivos elas atendem. E, segundo ela, o ponto de partida dessa observação é a própria sala de aula, ou melhor, o que há em suas paredes. Garbuio lembra que desde o início de sua escolaridade, os alunos estão habituados a consultar o calendário para anotar fatos significativos do cotidiano da comunidade em que estão inseridos, tais como as condições meteorológicas, os aniversariantes do mês, as festas cívicas e religiosas. Na parede da sala, predomina o calendário mensal, em que os alunos podem observar os dias da semana e quantos dias tem o mês em curso.
Porém, essas constatações não são suficientes para que o aluno avance na construção das relações entre as unidades de medida de tempo. “A sala de aula deve ser um ambiente em que calendários variados sejam, aos poucos, inseridos: os que deixam visíveis os doze meses do ano, os mensais e também aqueles em que a página é trocada diariamente, como uma agenda”, afirma.
“Um relógio digital e um de ponteiros também devem fazer parte de toda sala de aula, de modo a auxiliar os alunos a perceberem as semelhanças e diferenças entre eles. Além disso, o trabalho desenvolvido pelo professor não pode se restringir à simples leitura das horas. O aluno que sabe olhar para o relógio e concluir que são 9 horas e 15 minutos pode não saber informar quanto tempo falta para o meio-dia. Esse aluno pode ler as horas, mas não consegue determinar a duração de um acontecimento”, explica a supervisora do IQE.
Além do trabalho desenvolvido pelo professor em sala de aula, aponta Cristina Luiza Garbuio, é fundamental que as famílias sejam estimuladas a recuperar um hábito que está cada vez mais em desuso: manter calendário e relógio em algum cômodo da casa. “Preferencialmente em altura que facilite o acesso e a consulta por parte das crianças, que irão atribuir maior significado às propostas escolares”, acrescentou.

Fonte:180graus.

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