Dos 5.570 municípios brasileiros, apenas 102 concentram 50% de todos os negócios do país. É isso que mostram os dados do Empresômetro, censo das empresas em atividade no Brasil realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). Segundo o levantamento, atualmente existem 17.194.621 CNPJs registrados em juntas comerciais e cartórios de todo o país e, desse total, 8.587.107 se referem a empreendimentos instalados em somente 1,8% do total de municípios brasileiros.
Os municípios que concentram a maior parte das empresas do país são as 26 capitais estaduais, a capital federal e outras 75 cidades espalhadas por 13 estados. A concentração geográfica, no entanto, fica ainda mais evidente quando o levantamento é feito por estados. Segundo dados do Empresômetro, apenas quatro unidades da federação concentram 55% de todas as empresas do país: São Paulo, com 29,01%; Minas Gerais, com 10,12%; Rio de Janeiro, com 8,43% e Rio Grande do Sul, com 7,47%.
A concentração observada entre as empresas em geral também vale para micro e pequenos empreendimentos. De acordo com um levantamento realizado com base na Relação Anual de Informação Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho e Emprego pela professora Marisa dos Reis Botelho, do Instituto de Economia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), os mesmos quatro estados – SP, MG, RJ e RS – concentram mais de 50% das micro e pequenas empresas do país.
Raízes históricas
Mônica explica que essa concentração geográfica da atividade econômica no Brasil tem raízes históricas. “O nascimento da atividade industrial no Brasil está relacionado à produção cafeeira, que se concentrava em grande parte no estado de São Paulo. Então a gente tem, desde o início do século passado, uma atividade econômica muito concentrada na Região Sudeste, mais especificamente no estado de São Paulo”. A economista afirma que essa concentração de empresas na Região Sudeste diminuiu um pouco nas últimas duas ou três décadas, com o avanço da industrialização no Nordeste e, em menor grau, no Centro-Oeste, mas a mudança ainda é muito pequena e lenta.
Os dados do Empresômetro ilustram bem essa realidade. Dos 102 municípios que concentram a maior parte das empresas do país, nada menos que 31 ficam no estado de São Paulo. O segundo estado com o maior número de municípios nessa lista é o Rio de Janeiro, com 9, seguido por Minas Gerais e Rio Grande do Sul, com 8 municípios cada. Por outro lado, a região Nordeste inteira aparece com apenas 10 municípios e a Centro-Oeste, com 6.
Demanda e aglomeração
Além das razões históricas, há outros fatores que contribuem para a concentração geográfica das empresas. Um deles é a formação de polos produtivos em torno de grandes empresas. “Na indústria automobilística, por exemplo, a instalação de uma grande empresa demanda um conjunto de bens e serviços e isso tende a estimular o nascimento de micro e pequenas empresas que atuam como fornecedoras ou prestadoras de serviço para as maiores”, explica Marisa.
Outro fator de concentração é o que Marisa chama de economia de aglomeração, “que é quando você tem vantagens de estar em regiões que já têm uma densidade produtiva grande”. Isso significa que novas empresas tendem a se instalar onde já existem empreendimentos mais antigos pois estas regiões contam com boa infraestrutura.
“São áreas mais industrializadas; com maior proximidade de fornecedores e consumidores; boa disponibilidade de água, esgoto, energia e telefonia; melhores serviços de educação, com consequente qualificação de mão de obra; e bom acesso a estradas, portos, aeroportos e ferrovias”, afirma Othon Andrade Filho, diretor de inteligência do IBPT.
Mais uma vez, os dados do Empresômetro confirmam as análises. Um levantamento feito por Andrade Filho a partir da base de dados do censo do IBPT mostra que das novas empresas abertas nos quatro primeiros meses de 2014, metade se instalou justamente nas dez cidades que já estão no topo da lista dos municípios com mais empresas no Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Brasília, Porto Alegre, Fortaleza, Salvador, Goiânia e Recife. Juntas, elas concentram um quarto dos negócios do país e, não por acaso, todas reúnem as características elencadas pelo diretor do IBPT.
Comendo pelas beiradas
A alta concentração de empresas nos grandes centros urbanos abre oportunidades para micro e pequenos empreendedores, acredita Andrade Filho. Segundo ele, os pequenos negócios, principalmente no setor de serviços, são essencialmente locais, e por isso têm maior possibilidade para se desenvolver em regiões que não estão saturadas. “Os pequenos negócios são muito regionais, então essa é uma característica que permite que essas empresas se instalem fora do eixo Rio-São Paulo. Elas podem explorar novos mercados e têm um potencial de crescimento muito grande, mas os empresários precisam investir na profissionalização da gestão”, conclui Andrade Filho.
Fonte: Terra
Os municípios que concentram a maior parte das empresas do país são as 26 capitais estaduais, a capital federal e outras 75 cidades espalhadas por 13 estados. A concentração geográfica, no entanto, fica ainda mais evidente quando o levantamento é feito por estados. Segundo dados do Empresômetro, apenas quatro unidades da federação concentram 55% de todas as empresas do país: São Paulo, com 29,01%; Minas Gerais, com 10,12%; Rio de Janeiro, com 8,43% e Rio Grande do Sul, com 7,47%.
A concentração observada entre as empresas em geral também vale para micro e pequenos empreendimentos. De acordo com um levantamento realizado com base na Relação Anual de Informação Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho e Emprego pela professora Marisa dos Reis Botelho, do Instituto de Economia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), os mesmos quatro estados – SP, MG, RJ e RS – concentram mais de 50% das micro e pequenas empresas do país.
Raízes históricas
Mônica explica que essa concentração geográfica da atividade econômica no Brasil tem raízes históricas. “O nascimento da atividade industrial no Brasil está relacionado à produção cafeeira, que se concentrava em grande parte no estado de São Paulo. Então a gente tem, desde o início do século passado, uma atividade econômica muito concentrada na Região Sudeste, mais especificamente no estado de São Paulo”. A economista afirma que essa concentração de empresas na Região Sudeste diminuiu um pouco nas últimas duas ou três décadas, com o avanço da industrialização no Nordeste e, em menor grau, no Centro-Oeste, mas a mudança ainda é muito pequena e lenta.
Os dados do Empresômetro ilustram bem essa realidade. Dos 102 municípios que concentram a maior parte das empresas do país, nada menos que 31 ficam no estado de São Paulo. O segundo estado com o maior número de municípios nessa lista é o Rio de Janeiro, com 9, seguido por Minas Gerais e Rio Grande do Sul, com 8 municípios cada. Por outro lado, a região Nordeste inteira aparece com apenas 10 municípios e a Centro-Oeste, com 6.
Demanda e aglomeração
Além das razões históricas, há outros fatores que contribuem para a concentração geográfica das empresas. Um deles é a formação de polos produtivos em torno de grandes empresas. “Na indústria automobilística, por exemplo, a instalação de uma grande empresa demanda um conjunto de bens e serviços e isso tende a estimular o nascimento de micro e pequenas empresas que atuam como fornecedoras ou prestadoras de serviço para as maiores”, explica Marisa.
Outro fator de concentração é o que Marisa chama de economia de aglomeração, “que é quando você tem vantagens de estar em regiões que já têm uma densidade produtiva grande”. Isso significa que novas empresas tendem a se instalar onde já existem empreendimentos mais antigos pois estas regiões contam com boa infraestrutura.
“São áreas mais industrializadas; com maior proximidade de fornecedores e consumidores; boa disponibilidade de água, esgoto, energia e telefonia; melhores serviços de educação, com consequente qualificação de mão de obra; e bom acesso a estradas, portos, aeroportos e ferrovias”, afirma Othon Andrade Filho, diretor de inteligência do IBPT.
Mais uma vez, os dados do Empresômetro confirmam as análises. Um levantamento feito por Andrade Filho a partir da base de dados do censo do IBPT mostra que das novas empresas abertas nos quatro primeiros meses de 2014, metade se instalou justamente nas dez cidades que já estão no topo da lista dos municípios com mais empresas no Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Brasília, Porto Alegre, Fortaleza, Salvador, Goiânia e Recife. Juntas, elas concentram um quarto dos negócios do país e, não por acaso, todas reúnem as características elencadas pelo diretor do IBPT.
Comendo pelas beiradas
A alta concentração de empresas nos grandes centros urbanos abre oportunidades para micro e pequenos empreendedores, acredita Andrade Filho. Segundo ele, os pequenos negócios, principalmente no setor de serviços, são essencialmente locais, e por isso têm maior possibilidade para se desenvolver em regiões que não estão saturadas. “Os pequenos negócios são muito regionais, então essa é uma característica que permite que essas empresas se instalem fora do eixo Rio-São Paulo. Elas podem explorar novos mercados e têm um potencial de crescimento muito grande, mas os empresários precisam investir na profissionalização da gestão”, conclui Andrade Filho.
Fonte: Terra
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