Matéria publicada no Jornal Diário do Povo, de 11 de Julho de 2011, apresenta dados sobre a diferença de custos entre um presidiário e um estudante universitário .
Manter um preso numa penitenciária no Piauí é mais caro do que manter um estudante numa universidade pública. Enquanto um aluno matriculado na Universidade Federal do Piauí- UFPI custa pouco mais de R$11mil por ano, um preso mantido em regime carcerário custa R$1.800 para o cofre público do Estado por mês, um gasto anual de pelo menos R$21 mil por cada preso.
De acordo com o sociólogo José da Cruz Bispo, professor e diretor do Centro de Ciências da Educação e Arte da UESPI (Universidade Estadual do Piauí) a discrepância desses valores passam diretamente na valorização dos profissionais que atuam nas áreas da educação e da segurança pública no estado. Um comparativo entre o salário pago a um delegado e um professor doutor que exercem suas atividades em âmbito federal demonstra a diferença no tratamento entre eles. Um delegado em início de carreira tem vencimento de R$7 mil por mês. Este salário é pago para um professor doutor com dedicação exclusiva já na sua fase final de carreira. "Quer dizer, por mais que os trabalhadores da segurança tenham seus descontentamentos, as queixas dos professores são bem maiores", descreve.
O investimento na educação e no regime penitenciário inclui, além dos salários dos profissionais que atuam numa dessas áreas, os equipamentos físicos e tecnológicos usados em cada uma das atividades e os valores de manutenção do aluno ou do preso como na alimentação e na estrutura física do local que cada um deles freqüenta. Para manter um preso existe uma logística que envolve desde o policiamento de rua, o sistema judiciário e penitenciário. O somatório de toda esta cadeia, segundo a avaliação do professor Bispo, eleva, e muito, os gastos para se manter um detento numa penitenciária quando se compara com os recursos destinados à educação superior.
Apenas 3% da população brasileira na faixa etária de 18 a 24 anos estão dentro das universidades. O governo federal emprega de 3% a 7% do PIB (Produto Interno Público) para educação. A porcentagem envolve a educação básica e a superior. "Algo irrisório principalmente quando se trata de educação e da demanda que o país tem hoje. O ideal seria de no mínimo 10% a porcentagem destinada para educação", observa o professor Bispo.
O professor José Arimatéia Dantas, pró-reitor de planejamento (PROPLAN) da UFPI diz que atualmente um estudante custa para a instituição R$ 11.252 anuais - os quais são investidos em ações voltadas para a assistência estudantil. Ele explica que o dinheiro chega ao estudante em forma de benefícios como os RU's [Restaurantes Universitários], através das residências universitárias, as bolsas-permanência, além da ampliação da infraestrutura da instituição, aumentando os custos de manutenção por parte da universidade.
Fonte: Jornal Diário do Povo e 180 graus.com
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