O Brasil está negociando com a Organização das Nações Unidas (ONU)
a democratização da gestão da internet, que atualmente está nas mãos de
dois ou três países, sendo o principal deles os Estados Unidos,
informou hoje (28) o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores,
embaixador Tovar da Silva Nunes. Segundo ele, esses países têm o
controle dos endereçamentos da rede, da distribuição de números IP
(Internet Protocol) e de nomes de domínio (que definem como são
chamadas as páginas de internet).
“Essa gestão dos fluxos de informação hoje está muito concentrada.
Não é inclusivo, não é seguro, não é justo, nem desejável. A ideia é
agregar novos atores. O domínio da internet está sob a égide do governo
norte-americano. Há outros atores que agem lateralmente. A ideia é
moderar essa gestão”, disse.
Tovar participou nesta manhã da apresentação oficial da campanha
para a Rio+20, a conferência mundial sobre desenvolvimento sustentável
promovida pela ONU. Dentre as propostas do país para o evento, o Brasil
defendeu a criação de uma convenção global sobre acesso à informação.
“Se a pessoa não tem informação, muito dificilmente ela será mobilizada
a atuar para o desenvolvimento sustentável. A proposta será negociada
em Nova York, mas também será objeto de negociação na própria Rio+20”,
destacou o porta-voz.
Ele também ressaltou o esforço do governo brasileiro para diminuir
a dependência da parte física, referente à infraestrutura que viabiliza
o acesso à informação, inclusive a internet, em relação aos países mais
desenvolvidos. “Os ministérios do Planejamento, das Comunicações, o
Itamaraty, entre outros ministérios, vão se reunir no próximo dia 29,
no âmbito da Unasul [União de Nações Sul-Americanas], para criarmos um
anel [de fibra ótica] que sirva à América do Sul”, disse.
Segundo o porta-voz, está em estudo, pelo Brasil, uma interação
entre a América do Sul e a África para sanar dependências físicas de
comunicação.
Os Estados Unidos justificam o controle dos fluxos de informação
virtuais por terem sido o país criador da internet, em um projeto do
Pentágono, e por terem sido o principal financiador desse projeto.
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