quinta-feira, 14 de junho de 2012

ONU tenta definir em três dias temas discutidos há 2 anos

A Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável) promove seu primeiro evento oficial no Rio de Janeiro entre a tarde desta quarta-feira (13/06) e a próxima sexta (15/06), quando representantes de mais de cem nações participam da Terceira Reunião do Comitê Preparatório. O encontro, que acontece no Riocentro, na zona oeste, pretende concluir o documento base da conferência. A missão, porém, é complicada. De todo o material discutido há dois anos, e que já contou com cerca de dez rodadas de negociação, somente 20% foi aprovado de maneira unânime pelos países participantes; ou seja, 80% das sugestões debatidas desde 2010 terão de ser acordadas em apenas três dias.

De maneira não oficial, a ONU (Organização das Nações Unidas) admite a possibilidade de o texto que guiará os rumos da conferência não ser finalizado até o dia 15. Dessa maneira, antes de apontarem rumos para um planeta sustentável, chefes de Estado de todo o mundo teriam que comprometer parte dos três dias de conferência — entre os dias 20 e 22 —para rediscutir velhas questões.

De acordo com a ONU, foram enviadas mais de 6.000 sugestões para a composição do documento. Em cada etapa, itens foram acrescentados e retirados por representantes de diferentes países, resultando em um “efeito sanfona” e dificultando a conclusão.

Não bastasse a falta de entendimento em busca de um “denominador comum” por parte dos governantes, as propostas para Rio+20 geram discussão desde o Rascunho Zero, texto que embasou o conceito da conferência. Especialistas condenam a maneira branda e pouco objetiva adotada para a formulação do documento. O escritor Leonardo Boff, integrante da Comissão Central da Carta da Terra — elaborada paralelamente à Eco 92 com o objetivo de ressaltar maneiras sustentáveis de vida — considera o texto base uma “vergonha” e critica sua inocência.

O pesquisador argentino Mathias Franchini, integrante do grupo de análise em clima e relações internacionais da UnB (Universidade de Brasília), considera pouco sólidas as questões que compõem o documento.

— As propostas não são sólidas, não são bem definidas. A perspectiva da Rio+20 é ser ainda pior que a Eco 92. A Rio+20 não conseguirá concretizar seus objetivos, como definição a respeito da economia verde ou a criação de um instrumento global voltado para o desenvolvimento sustentável.

Independentemente da conclusão sobre o documento, o tema central da Rio+20 é imutável: expandir e concretizar o conceito de desenvolvimento sustentável, englobando desde a proteção ao meio ambiente até a luta pela erradicação da fome. Para isso, a Organização das Nações Unidas se baseia em sete temas que considera fundamentais. Veja abaixo considerações da própria ONU sobre cada um deles:

Água
Embora 89% da população mundial utilize fontes tratadas de água, 783 milhões de pessoas não tem acesso a água potável, com variações dramáticas por região. Apenas 61% da população na África Subsaariana tem acesso a fontes de abastecimento de água tratada, em comparação com 90% ou mais na América Latina e Caribe, Norte da África e grande parte da Ásia.

Empregos e inclusão social
As pessoas hoje são mais saudáveis, vivem mais, têm mais educação formal e acesso a bens e serviços do que em 1990. Enquanto mais pessoas no mundo estão desfrutando de maior prosperidade, ela chegou com um preço. A cada ano, são consumidos mais do que 1,3 vezes os recursos naturais que a Terra pode renovar. Como a população global deverá aumentar para quase 9 bilhões até 2040, e o número de consumidores de classe média subir em 3 bilhões nos próximos 20 anos, a demanda por recursos deverá crescer. Em 2030, o mundo precisará de pelo menos 50% mais alimentos, 45% mais energia e 30% mais água.

Alimentos
Não há comida suficiente no mundo para alimentar todos, 925 milhões de pessoas ainda passam fome. No centro do problema estão a pobreza e a falta de poder, que impedem o acesso a alimentos nutritivos. Esta situação é agravada pela degradação constante dos solos, da água doce, dos oceanos e da biodiversidade. Uma grande reforma do sistema de alimentação e de agricultura é necessária para garantir segurança alimentar para cerca de 1 bilhão de pessoas que atualmente sofrem com a fome.

Energia
Uma em cada cinco pessoas no planeta – ao todo 1,3 bilhão de pessoas - ainda não tem acesso a eletricidade. Cerca de 2,7 bilhões dependem de madeira, carvão, carvão vegetal ou resíduo animal para cozinhar e aquecer. Na economia de hoje, isso é injusto e uma grande barreira para a erradicação da pobreza.

Cidades
Cerca de metade da humanidade vive hoje em cidades. Populações urbanas cresceram de cerca de 750 milhões em 1950 para 3,6 bilhões em 2011. Até 2030, quase 60% da população mundial viverá em áreas urbanas. O crescimento das cidades significa que elas serão responsáveis por prestar serviços a um número sem precedentes de pessoas. A tendência em relação à urbanização tem enormes implicações nos esforços para reduzir a pobreza, gerir recursos naturais, proteger o meio ambiente e enfrentar as mudanças climáticas. Enquanto cidades ocupam 2% da massa de terra no mundo, elas produzem até 70% da emissão de dióxido de carbono.

Oceanos
Um total de 3 bilhões de pessoas depende de áreas marinhas e costeiras para seu sustento, incluindo para pesca, turismo, comércio, transporte e energia. Mas a negligência, a acidificação, mudanças climáticas, poluição e exploração excessiva estão tendo um impacto devastador. Oceanos, que cobrem mais de 70% da superfície terrestre, são um dos ecossistemas mais ameaçados. Cerca de 85% dos estoques globais de peixes estão sob pressão da pesca predadora e há problemas de poluição marinha, incluindo vazamentos acidentais de petróleo e água radioativa de acidentes nucleares.

Desastres
O risco de perda de vidas e danos materiais provenientes de desastres naturais está aumentando no planeta. Mais de 226 milhões de pessoas são afetadas por desastres a cada ano. Com o crescimento populacional e o grande impacto das mudanças climáticas, há mais pessoas vivendo em áreas de risco, onde estão expostas aos perigos de eventos naturais.

Fonte:Com informações do R7  

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