quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Autópsia psicológica revela que Fernanda Lages tinha perfil suicida

A psiquiatra Maria da Conceição Krause, do Distrito Federal, apresentou na manhã desta segunda-feira (17/02) o resultado da autopsia psicológica da estudante Fernanda Lages, que morreu no dia 25 de agosto de 2011. Em sua conclusão, Krause confirmou que a estudante cometeu suicídio. 

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Ela narrou todos os últimos meses de vida da Fernanda, através das 27 pessoas que foram entrevistadas, entre amigos, testemunhas e familiares, sendo que sete pessoas passaram por um teste de credibilidade para verificar se as declarações eram verídicas. A especialista elogiou o trabalho das Polícias Civil e Federal. 

Fotos: Evelin Santos/Cidadeverde.com

Suicídio
Após explanação do trabalho realizado, a especialista concluiu que a estudante Fernanda Lages cometeu suicídio, por apresentar um quadro de transtorno bipolar, transtornos mentais e comportamentais decorrente do uso de álcool. 
“O quadro que a Fernanda apresentava nos últimos seis meses antes da morte. Houve um declínio do seu humor, a partir do namoro, mas o divisor de águas foi quando ela quis sair da casa da tia para morar com amigos. Houve exacerbação do libido, aumento do fluxo de ideias, uma elevação na variação do humor e de comportamentos autodestrutivos diretos”, destacou a psiquiatra. 


Ela citou como exemplo o fato de Fernanda sair para beber praticamente todos os dias, um grande consumo de álcool, relacionamentos amorosos com vários homens e muitos deles desconhecidos, e relação com amigos que tinham envolvimento com drogas e com a polícia.
“A Fernanda tinha transtorno mental de humor, que já se apresentava aos 13 anos de idade, mas o divisor de águas aconteceu nos últimos seis meses quando os sintomas de bipolaridade aumentaram. Às vezes as pessoas confundem com fatores da adolescência, mas se o caso dela tivesse sido descoberto e tratado, o suicídio poderia ter sido evitado”, afirmou a psiquiatra. 
Álcool
A especialista confirmou que Fernanda estava alcoolizada e que isso causou uma instabilidade e prejuízo de julgamento, comprometeu a percepção de memória, prejudicou o equilíbrio e alterou o humor que ficou instável. 
“A Fernanda tinha tolerância ao álcool e pode não ter tido problemas físicos, mas estava com os fatores psicológicos alterados”, afirmou Maria da Conceição.


Vida noturna agitada
A especialista disse que Fernanda mudou seu humor e atitudes em seis meses, após perder a virgindade por volta do dia 24 de agosto de 2010. Fernanda teria passado de uma pessoa, calma e caseira para uma jovem que tinha uma vida noturna muito agitada e bebia muito. Krause disse ainda que dois dias antes da morte, ela estava depressiva.
  

Não se prostituía
Apesar da vida agitada de Fernanda, a perita afirma que em nenhum momento encontrou indícios de que havia se prostituído. “A Fernanda tinha um comportamento de caso ela visse um homem passando de carro que lhe interessasse, ela ia até ele e entregava um telefone. Não importando se ela conhecia ou não e se ele era casado ou não”, declarou Krause. 


De acordo com ela, os relatos revelaram que Fernanda tinha o hábito de sair com vários homens, mesmo que fosse com aqueles que ela tivesse conhecido naquela noite e dormir na casa dele, mesmo sem ter tido maiores intimidades. 
Declaração comovente 
A declaração do pai da Fernanda, Paulo Lages, foi o relato que mais emocionou durante todos os seus anos de trabalho com perícia psicológica. Segundo ela, a fala do pai de que não poderia ter mais filhos e dele ter uma ligação muito forte a filha foi muito comovente. 


“A maioria das pessoas, parentes de suicidas, que não deixaram bilhetes não consegue acreditar no suicídio porque dizem que a pessoa que morreu nunca cometeria o ato sem avisar. Mas, acontece que essa pessoa já está psicologicamente morta e para deixar um bilhete ela ainda iria ter que apresentar algum contato com a vida. Não é que ela não amava a família, ela amava tanto que pediu para falar com o irmão na tarde anterior à sua morte e tinha como senha do computador o nome do pai, da mãe e do irmão, mas naquele momento tinha desaparecido tudo que era vida na Fernanda”, justificou a psiquiatra.
Histórico escolar
Os peritos fizeram uma análise do histórico escolar desde a infância até a faculdade de Direito que estava cursando. Segundo as avaliações, no semestre anterior à sua morte, Fernanda começou a chegar tarde e sair cedo, ela havia pego seis disciplinas, sendo que três reprovou por falta e em duas por nota, passando somente em uma. 
Não foi homicídio
“A maior dor de quem sobrevive é ter ligação com quem se matou. Eu gostaria de vir aqui dizer que era homicídio, porque vi a dor da família e sei que a população não acredita que foi suicídio. Isso acontece porque há um instinto de sentimento e emoção e de proteção à vítima. A população queria Justiça, eu sei que é impossível convencer, porque é um sentimento natural do ser humano, ainda mais no Brasil onde as pessoas clamam por Justiça”, finalizou a perita. 
Fonte: Cidadeverde.com

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