quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Justiça exige execução de obra para atender cidades castigadas pela seca

Adutora do Sertão atenderia 51 cidades em situação de emergência.
Água seria captada de poços jorrantes de Cristino Castro, Sul do estado.

Poços jorram água a uma altura de aproximadamente 20 metros (Foto: Patrícia Andrade/G1)

A Justiça Federal determinou que a União e o Governo do Estado adotem as providências para a elaboração de um projeto-básico para a implementação da Adutora do Sertão do Piauí. A obra prevê captação da água dos poços jorrantes de Cristino Castro e atenderia cerca de 50 cidades que amargam com a estiagem.
A decisão atende ao pedido dos promotores de Justiça Vando da Silva Marques e Fernando Santos, bem como dos procuradores da República Kelston Pinheiro Lages e Marco Aurélio Adão.
Em julho deste ano, os Ministérios Públicos Estadual e Federal ajuizaram ação civil pública contra a União, o Governo do Estado do Piauí e a Agência Nacional de Águas (ANA)cobrando uma ação para resolver o desperdício de água na região do Vale do Gurgueia, mais especificamente entre os municípios de Cristino Castro e Elizeu Martins.
Na decisão, a juíza Marina Rocha Cavalcante Barros Mendes, da 5ª Vara da Justiça Federal, deferiu parcialmente os pedidos do MP.
“É de se observar, na presente decisão, (...), que a Administração Pública, ao invés de dominar por anos em gastos estéreis com carros-pipa, se disponha a voltar seus olhos para uma potencial solução efetiva, racional e sustentável, como exige a lei e autoriza a jurisprudência, por meio da elaboração do projeto-básico da Adutora do Sertão do Estado do Piauí", diz a juíza.

Obra de adutoria iria amenizar o sofrimento de milhares de sertanejos (Foto: Patrícia Andrade/G1)

De acordo com o promotor Vando da Silva Marques, a construção de uma adutora garantirá o fornecimento de água para 51 municípios que compõem o semi-árido cristalino piauiense, região que não possui água subterrânea. A partir dela, será aproveitada a água proveniente dos poços jorrantes do Vale do Gurgueia”.
Em abril o G1 mostrou em reportagem que em Cristino Castro, a água de um poço tem uma vazão de 700 mil litros por hora e chega a atingir uma altura de até 20 metros. Em um dia inteiro, a vazão seria suficiente para abastecer uma cidade com 140 mil habitantes, conforme os padrões da Organização Mundial de Saúde (OMS).
O que queremos é por fim à seca que a população vem sofrendo"
Vando da Silva Marques, promotor de justiça da Promotoria do Meio Ambiente
O projeto para utilizar água dos poços e abastecer 51 cidades foi apresentado em 2013. Com orçamento preliminar de R$ 842 milhões, a obra inclui a construção de uma adutora para distribuir a água de 37 poços para 51 cidades do semiárido piauiense atendendo uma população de 600 mil habitantes.
A adutora resolveria o problema da seca e custaria R$ 13 milhões a menos do valor aplicado pelo governo federal na medida paliativa para atender as famílias brasileiras em cidades com decreto de emergência.
O promotor Vando explica, ainda, que os recursos hídricos são desperdiçados pela má utilização dos poços jorrantes, deixando a população dependendo exclusivamente da Operação Carro Pipa. “Apesar de ser usada há muito tempo, essa prática é somente uma paliativa. O que queremos é por fim à seca que a população vem sofrendo”, afirma.
A Justiça Federal concedeu o prazo de quatro meses para o cumprimento da decisão por parte dos governos Federal e Estadual, sob pena de multa diária no valor de R$ 200 mil.
O que diz a União e o governo do PI
O Ministério da Integração Nacional já havia informado anteriormente que há um Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA), que visa garantir a segurança hídrica da fronteira seca do Piauí ao abranger a bacia hidrográfica dos rios Canindé/Piauí, em fase de licitação. O estudo está sob responsabilidade da Codevasf e faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), conforme o Decreto nº 8.032, de junho de 2013.
Na época em que o projeto Adutora do Sertão do Piauí foi apresentado, a Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Naturais do estado (Semar) estava presente junto com outros órgãos, mas a sua execução nunca foi viabilizada. No entanto, o governo do estado diz que agora pretende avaliar mais a fundo o projeto para viabilizar a sua execução, verificar os custos, quanto seria aplicado de verba federal e qual seria a contrapartida do estado.
Fonte: G1.globo.com

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