Nesta terça-feira (09/07), no Diário Oficial da União, o Governo Federal lançou a medida provisória, tal como os editais com as regras do programa 'Mais médicos'. Polêmico, o projeto almeja melhorar a saúde nas cidades do interior, ampliando a oferta de especialidades e, consequentemente o número de profissionais.
Entre as maiores polêmicas encontra-se a contratação de médicos estrangeiros e o aumento da graduação em medicina de 6 para 8 anos. Na última semana, inclusive, entidades que representam a categoria, realizaram manifestações em todo o país, demonstrando insatisfação quanto à proposta.
Para os profissionais, o maior problema é estrutural e a vinda de 'gringos' não é necessária, já que o contingente de médicos no país seria suficiente para suprir a demanda.
No Piauí, não é diferente. O presidente do Conselho Regional de Medicina do Piauí, Júlio César Ayres Ferreira, criticou a postura da presidente Dilma e assinalou para uma reunião das entidades em âmbito nacional, com o intuito mostrar suas diretrizes para a sociedade, além disso foi categórico ao afirmar que o Governo deveria utilizar o dinheiro 'gasto' com a contratação de estrangeiros, na melhoria dos hospitais, na capacitação e em condições que favorecessem o interesse dos médicos brasileiros em trabalhar nas regiões mais distantes.
CRM-PI é contra o 'Mais Médicos'
Em conformidade com a opinião do CRM, o Sindicato dos Médicos do Piauí (Simepi), através da presidente Lúcia Santos, vê com pesar a ação tomada pela presidente Dilma Rousseff:
"Tudo isso faz parte de uma coisa maior, uma ineficiência da presidente da república, o que o povo mais reclama é da precária situação da saúde no país. São medidas desastrosas, médicos estrangeiros sem fazer revalidação, burlando o diploma. Causa preocupação esse desmantelo da presidente", detona.
CONFIRA A ENTREVISTA COM JÚLIO CÉSAR AYRES FERREIRA
"Nós não aceitamos médicos sem fazer o Revalida", desabafa
180graus: Qual o posicionamento do CRM-PI em relação ao programa ‘Mais médicos’?
Presidente do CRM-PI:“As nossas entidades federais, já estão se organizando para pronunciar suas diretrizes à sociedade, no momento nós somos contra. Toda e qualquer manifestação que foi dita ontem pelos dois ministros e a presidente em relação à classe médica, nós somos contra. Nós não aceitamos médicos sem fazer Revalido, médicos estrangeiros, esses dois anos que aumentaram nos cursos médicos e as residências que anunciaram também nós somos contra. O que nós queremos, a classe médica quer e a população brasileira também quer, é que haja um plano de saúde, SUS, por exemplo, que hoje está quase desativado, quase desacreditado, é que seja um SUS forte, que ela gaste esse dinheiro que está pretendendo gastar com médicos estrangeiros, com residência médica, que gaste no SUS, que valorize um plano de saúde para nós brasileiros. Evitar que num futuro próximo, com a entrada de médicos estrangeiros, cubanos, espanhóis, portugueses, que não façam o Revalida e transformem a medicina do país em duas categorias, aqueles que têm plano de saúde, diferente do SUS, com uma medicina de primeira categoria, e aqueles que não têm, vivam com um SUS desacreditado, hoje, quase desativado, que seria uma medicina entregue às estes profissionais estrangeiros“.
180graus: Então, para o CRM, o foco deveria ser na estrutura e não na contratação de médicos estrangeiros?
Presidente do CRM-PI: “Exatamente e que ela fizesse a carreira do médico, que está lá naquela federal parada e fizesse a formação, assim resolveria o problema“.
180graus: O acréscimo de dois anos a mais no curso de medicina é realmente necessário?
Presidente do CRM-PI: “Não vi nenhuma necessidade. Há muitos anos não tem mudanças nas faculdades, você faz 6 anos de medicina, 3 ou 4 anos de pós-graduação na especialidade que você escolhe para poder começar a vida como médico, então o estudante de medicina hoje para se achar qualificado, para iniciar a sua vida como médico, ele tem no mínimo 10 anos de estudo.”
180graus: A quantidade de médicos existentes no Brasil é suficiente ou precisa de uma ampliação?
Presidente do CRM-PI: “Há médicos brasileiros suficientes, basta dizer para você, que aqui em Teresina, se formam 200/250 médicos por ano. O que falta na realidade é estrutura para que o médico desenvolva sua capacidade no interior, essa queixa dos prefeitos que não tem médico, não consegue médico, mas não faz um concurso público, não faz a fixação de um médico, não tem um hospital decente, não tenha uma enfermagem decente, não tem um psicólogo, não tem um dentista, então tudo isso dificulta a atividade do médico no interior, este que tem 10/11 anos de estudo e logicamente não irá para o interior se não houver uma estrutura mínima.”
ENTENDA O 'MAIS MÉDICOS'
Infográfico do portal 'G1'
Fonte:180graus.
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