quarta-feira, 3 de junho de 2015

Pesquisador brasileiro entra para a lista mais importante do mundo científico




Atuando especialmente na área da conversão eletroquímica de energia, Ernesto Gonzalez foi um dos cinco pesquisadores que atuam no Brasil incluídos na lista de pesquisadores mais citados no mundo no ano de 2014. Gonzalez, doutor em Fisio-química pela Universidade de Buenos Aires e professor titular da Universidade de São Paulo (USP) por mais de 20 anos,teve 5.170 citações no "web of science".
O número de citações é entendido entre a comunidade científica e acadêmica como um indicador de qualidade. Quando um trabalho é citado por um cientista em outro artigo, vira uma espécie de referência na área de pesquisa.
A carreira de Ernesto Gonzalez contou com um importante incentivo do CNPq no início das pesquisas em células a combustível, tema ao qual se dedicou nas décadas de 70-80, com atividades motivadas pela crise do petróleo de 1973.
Segundo explicou o professor, havia, na época, uma falta de profissionais qualificados nessa área e foi por meio de bolsa do CNPq, em 1980, que ele conseguiu estagiar por um ano no Los Alamos National Laboratory, de Estados Unidos. Ao retornar ao Brasil, iniciou a implantação de um grupo de Eletroquímica dedicado à pesquisa e desenvolvimento em células a combustível. Esse grupo tem permanecido ativo até hoje e é uma referência nacional na área.
Um pouco de história
Quando aconteceu essa crise do petróleo, surgiu um interesse internacional pelas fontes de energia alternativas ao uso de combustíveis fósseis com preferência para as energias solar e eólica. "Visto a dificuldade de armazenar essas energias, surge um grande interesse pela chamada economia do hidrogênio", contou o professor Gonzalez.
"O hidrogênio é um combustível conhecido por séculos, mas não é uma fonte primária de energia já que no estado livre existe na natureza somente em pequenas quantidades. Assim, a economia do hidrogênio compreende a produção, armazenamento, distribuição e uso do hidrogênio o que faz deste combustível um vetor energético", completou.
Então, como o grupo do professor já estava envolvido com a área de eletroquímica, começou, nessa época, uma intensa atividade na pesquisa e desenvolvimento da produção de hidrogênio por eletrólise da água. O objetivo das pesquisas era reduzir o custo de produção de hidrogênio por esse método, que é um dos mais elevados.
No Brasil, o interesse com relação ao uso do hidrogênio foi com as chamadas "células a combustível", que são dispositivos eletroquímicos inicialmente desenvolvidos para produzir energia em naves espaciais. No entanto, apesar do custo ser elevado, foi avaliada a possibilidade da pesquisa científica sobre estes dispositivos viabilizar aplicações terrestres. Foi nesse contexto que o professor Gonzales e seu grupo começou os estudos com células a combustível.
Atualmente
Nas décadas seguintes, o pesquisador dedicou-se a outras atividades, destacando a que considera mais importante: a introdução do uso dos álcoois, no lugar do hidrogênio como combustíveis para a célula. "O uso de álcoois como combustíveis não é fácil devido à lenta cinética de oxidação dessas moléculas. Porém, visto o grande interesse do Brasil no etanol dedicamos importantes esforços para tentar viabilizar o uso de álcoois como o etanol nas células a combustível".
Segundo Ernesto, as realizações tecnológicas derivadas dos projetos descritos não tem tido muito destaque visto o pouco interesse empresarial em se engajar na área de células a combustível. "Hoje em dia, existem no Brasil numerosos grupos que realizam atividades acadêmicas relacionadas com a eletroquímica, com a conversão eletroquímica de energia e células. Assim, nos constituímos em um centro de referência nessas áreas para o país e também no cenário internacional", explica.
Em toda sua carreira acadêmica, Gonzalez publicou 223 trabalhos, tem248 trabalhos em anais de eventos, escreveu 8 capítulos de publicações e 2 livros. Aos 77 anos, já recebeu 26 prêmios. 

Coordenação de Comunicação do CNPq
Fonte:cnpq.gov,br

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