Foto: reprodução. Os próprios moradores denunciam que não há nada a fazer. |
Passados exatos 10 anos da instalação do Programa Fome Zero no País e a escolha dos municípios piauienses de Guaribas e Acauã como cidades pilotos para a prática do programa que pretendia erradicar a pobreza por meio de ações governamentais intensivas, quem visita os dois locais hoje percebe claramente que os planos fracassaram: a população de Guaribas, por exemplo, permanecesse tão ou mais miserável quanto aquele longínquo 2003. O principal problema é a não geração de renda.
Os próprios moradores denunciam que não há nada a fazer. Quem chega hoje na cidade vê dezenas de pessoas sentadas nas portas das suas casas. A maioria espera apenas o dia da chegada do dinheiro do Bolsa Família, a principal renda que move o município, como outros milhares distribuídos por todo o País.
"Aqui nós só temos a roça e em poucos meses do ano. Quando acaba, ficamos sem fazer nada", disse Erionildo Alves da Silva, 27 anos. Ele e a família sobrevivem com menos de R$ 300,00 provenientes do Garantia Safra, outro programa social para os lavradores atingidos pela seca e do Bolsa Família. No total, a renda certa da família é R$ 270, o que entrar fora isto é lucro.
A situação de Wilson Correia da Silva, de 68 anos, é um pouco melhor. Aposentado, ele recebe um salário mínimo do Governo Federal e está feliz por ter economizado o dinheiro de ir todos os meses sacar o benefício em Caracol, cidade a 54 quilômetros de Teresina. "Agora temos correspondentes de bancos aqui que fazem o pagamento e só vamos a Caracol quando dá problema no cartão, o que acontece com frequência", disse.
Para Wilson, a situação de Guaribas melhorou nos últimos 10 anos. Ele lista o calçamento, o posto de saúde e a adutora que leva água para algumas casas, mas não sabe que neste mesmo período municípios que não receberam a mesma atenção dos Governos Federal e Estadual, também receberam a mesma coisa que Guaribas ou até mais.
Se a ociosidade dos homens já é considerada grande, inclusive para uma equipe de assistentes sociais, psicólogos e outros profissionais mandados pelo Governo do Estado, imaginem então a situação das mulheres. Elas vivem simplesmente direcionadas para as tradições familiares, o que muitos preferem chamar de machismo, enfim, são donas-de-casa. Não há outra coisa para uma mulher fazer em Guaribas a não ser cuidar da casa e dos filhos.
Fonte: Diário do Povo
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