quinta-feira, 30 de maio de 2013

A importância do conselho tutelar na gestão escolar de famílias vulneráveis

Pesquisa coordenada por sociólogo fortalece o elo entre a escola e os CTs

Para estudiosos, os Conselhos Tutelares têm papel importante na gestão das escola (Foto: Divulgação)

A atuação dos Conselhos Tutelares (CTs) vai além da mediação de casos de ameaça e violência a crianças e adolescentes. Criados em 1990, os CTs atuam também de forma preventiva. Mas, para isso, os conselheiros precisam conhecer bem o público para o qual trabalham.
Marcelo Burgos crê que os CTs devem atuar de maneira mais preventiva e menos emergencial
(Foto: Divulgação / Kiko Cabral)

Pensando nisso, o sociólogo Marcelo Burgos resolveu fazer uma pesquisa que tem como objetivo aumentar as informações sobre os alunos de ensino fundamental das escolas municipais e estaduais que estão na área de responsabilidade do Conselho Tutelar da zona Sul do Rio de Janeiro. “Nós queríamos entender melhor a dinâmica que envolve famílias, escola e vizinhança e de como o Conselho Tutelar tem sido convocado a participar dessa relação. Além disso, nossa ideia é contribuir diretamente com o CT na gestão de informações para que eles atuem de maneira menos emergencial, como ocorre hoje em dia, e mais preventiva”, explica Marcelo.
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O projeto, desenvolvido pelos Departamentos de Sociologia e de Educação da PUC-Rio, mapeou, em caráter quantitativo, mais de 1.800 casos espalhados por nove escolas em dois anos específicos (2005 e 2009). O professor reforça que a proposta é oferecer uma ferramenta digital de fácil acesso aos conselheiros para agilizar as pesquisas e incentivar uma análise crítica dos procedimentos desenvolvidos no âmbito do CT/Zona Sul. “É interessante notar que, apesar de a escola mencionar com frequência a presença do Conselho Tutelar, boa parte dos profissionais o desconhecem e isso, inevitavelmente, empobrece a relação entre eles. Com a pesquisa ficou evidente que a relação do CT com a escola é muito mais abrangente do que a princípio imaginávamos. Além da questão disciplinar, ele também tem sido chamado para atuar na gestão do acesso a vagas escolares ou evasão escolar, por exemplo”.
Equipe trabalhando na sala de processamento de dados do CTZS (Foto: Acervo pessoal)

Entretanto, a pesquisa também revelou que para fazer um trabalho mais satisfatório, o CT precisa ter uma atuação mais focada, o que no caso do Rio de Janeiro implicaria na criação de novos CTs, já que o estudado (CTZS) é responsável por uma área onde vivem mais de 1 milhão de pessoas.
Com relação aos números, o sociólogo destaca alguns: a maior parte dos entrevistados vêm da Rocinha (23,4%) e das crianças ouvidas que não estão estudando, 63,4% tem até 5 anos (período conhecido como a primeira infância). O restante (36,6%) tem entre 6 e 15 anos e deveriam estar obrigatoriamente na escola. “Esses dados confirmam que as políticas educacionais têm dado pouca atenção à primeira infância em locais mais pobres e que os CT’s possuem um papel de grande importância: garantir a frequência escolar”, explica.
Quando se trata dos próximos passos, o professor afirma que, embora tenha começado por uma região específica do Rio de Janeiro, a ideia é que a metodologia seja replicada nos demais conselhos da cidade e de até outras capitais do Brasil. Além disso, este segundo momento é propício para aprofundar a pesquisa, ampliando o banco de dados e desenvolvendo pesquisas qualitativas, com intuito de produzir um panorama mais completo. “Nós queremos fortalecer o elo entre a escola e o Conselho Tutelar, tanto por meio da produção de reflexão acadêmica quanto através de ações de extensão universitária”, reforça
Fonte: RedeGlobo. 

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