Os tombamentos dos Conjuntos Históricos e Paisagísticos de
duas cidades piauienses, Piracuruca e Oeiras, serão temas apreciados
pelo Conselho Consultivo Patrimônio Cultural, que estará reunido nos
próximos dias 25 e 26 de janeiro, na sede do Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional – Iphan, em Brasília.
A colonização do Estado do Piauí, diferente do que ocorreu em
outros estados brasileiros, não foi iniciada pelo litoral, mas sim pelo
interior, em virtude das dificuldades de navegação onde fortes
correntes marítimas e extensas barreiras de corais obrigavam os navios
a se afastarem da costa e dos poucos abrigos seguros e propícios à
atracação.
As cidades de Oeiras e Piracuruca representam e materializam a
expansão dessa colonização, associada à interiorização da criação do
gado baiano e pernambucano, e a uma política oficial da Coroa
Portuguesa de controle sobre a região, estratégica para o domínio de
seus domínios na América.
Oeiras
Em função de seu valor histórico da
primeira capital do Estado do Piauí, entre 1939 e 1940 o Iphan tombou
isoladamente três bens em Oeiras: a Ponte Grande, o Sobrado João
Nepomuceno (1939) e a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Vitória (1940).
A proposta agora é abranger uma área mais ampla do Centro Histórico,
que inclui alguns dos trechos mais antigos da cidade, como o conjunto
da Praça das Vitórias, o entorno dos riachos do Môcha e da Pouca
Vergonha,; o conjunto da Praça do Mercado Público Municipal e Praça
Mafrense, e o conjunto do Largo do Rosário.
Além destes, o Iphan também pretende tombar a Casa do Canela, uma
antiga propriedade rural de arquitetura tipicamente piauiense e
totalmente preservada, e a Casa da Pólvora, o único edifício militar
remanescente do período colonial no Piauí, construída para abrigar o
paiol das forças militares da Capitania. Associadas a esse conjunto
também se destacam manifestações culturais de longa tradição, que
permanecem vivas no seio da comunidade em celebrações religiosas como a
Procissão dos Passos, a Procissão do Fogaréu, o Congo de Oeiras, etc, e
que dão sentido e estrutura ao espaço urbano e a ele estão fortemente
vinculadas.
Piracuruca
O Centro Histórico de Piracuruca é
um conjunto urbano, arquitetônico e paisagístico único, que guarda um
importante acervo da arquitetura típica piauiense, ameaçada de
desaparecimento pelas constantes substituições e modernizações. A área
de tombamento compreende o centro da cidade, onde se destacam
remanescentes urbanos e arquitetônicos de todos os períodos pelos quais
o município passou ao longo de sua história, desde o início da ocupação
de seu território, no século XVII, até por volta da década de 1960.
Já a área de entorno, que resguarda a paisagem da área tombada, se
estende até a margem oposta do Rio Piracuruca, cuja ocupação mantém-se
ainda relativamente restrita, visando proteger a paisagem e controlar o
adensamento, resguardando o leito do rio e garantindo a preservação da
vegetação e do ecossistema ali existentes e fundamentais para a leitura
e interpretação do espaço.
Fonte:180graus.
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